sábado, 9 de maio de 2009

Ubatuba, dias 18 e 19 de abril

Finalmente criei um blog. A falta de tempo me servia como desculpa perfeitamente para adiar esta tarefa, porém a vontade de compartilhar idéias, viagens, eventos e pensamentos com vocês falou mais alto. Vamos ao que interessa: Viagem para Ubatuba semana retrasada.
A possibilidade de ir para Ubatuba escalar somente um final de semana, confesso que nunca passou pela minha cabeça. Foi idéia do Daniel, que já havia feito isso no Ubatuboulder passado. Conseguimos convencer facilmente mais dois pra irem conosco no carro: Caio (Gomes) e Rodrigo (Nunes). E seja o que deus quiser!

Às 5:30 da manhã o Dani e o Caio já estavam na minha portaria e eu, me sentindo meio gripada e sonolenta, me perguntei várias e várias vezes: "porque diabos eu concordei com isso?!". Como sempre, tentei pensar no lado positivo: "Pelo menos eu não vou dirigir!" . Deitei no banco da frente e dormi. Acordei 1h depois já na estrada, com o Rodrigo já no carro e os crashs amarrados milagrosamente no teto. Comi um dos sanduíches que havia preparado na noite anterior e me senti melhor da gripe e muito animada com a viagem. Rodrigo e Caio apagadões lá atrás me faziam rir muito, principalmente quando em algum determinado momento o Rodrigo deixou de lado os preconceitos bobos de quem nunca viajou e deitou confortavelmente no travesseirinho que estava no colo do Caio. Até chegarmos em Ubatuba, Dani e eu fomos conversando sobre os boulders que iriamos tentar. Foi quando o Rodrigo acordou e acreditou na nossa piadinha babaca de que ainda estávamos em Angra naquele momento, e então voltou a dormir. Meu deus!

Estacionamos o carro na praia e fomos direto pros boulders! O tempo estava maravilhoso e me deu muita vontade de dar um mergulho antes de escalar, porém fiquei com medo da maldita gripe se lembrar de mim e deixei de lado essa idéia. Fizemos um lanchinho e começamos o dia. Rodrigo foi o 1º a estrear num V3 que ele considerou muito fácil, o Buraco do Marisco. Realmente era um boulder muito fácil. Entrei nele e depois no Presa de Marfim, V2 também muito fácil de agarrões, para aquecer. O aquecimento do Caio foi um pouco diferente do nosso, entrou no Uréia, um V8 clássico de Ubatuba, boulder de uns 3 ou 4 movimentos em regletes. Depois disso fomos para o bloco dos sertões. Mandamos à vista o Sertão, V3 e trabalhamos o Pelo Sertão, V6 maneiríssimo, que só o Dani mandou. Nesse intervalo chega o Caio correndo eufórico nos contando que tinha mandado o boulder! Nada menos do que o Bacanas em Coma, só um V11!!! E a gente perdeu essa, que droga!!!

Ao longo do dia entramos em muitos boulders, como por exemplo o antigo projeto do Rodrigo, o Sorvete. Um V5 de 3 movimentos esquisitos e entalamento de joelho. Já estávamos quase desistindo quando o Dani descobriu o "beta" do joelho, o que foi crucial para as nossas cadenas. Entrei depois no Swell, boulder cuja graduação no 8a nu varia de V3 até V9, e hoje está na média de V7. Amei e deixei como projeto este boulder de 1 movimento dinâmico, muito foda!
Já estava acabada quando fomos para a face de trás do bloco do Cabron. Entramos no Morceguinho, um V3 muuito esquisito que ninguém mandou, nem o Caio. Tem algo errado aí! Entramos também em diversos outros boulders, que não saíram porque já estávamos um lixo, mas queríamos continuar escalando até de noite. No final do dia o Dani entrou no Chave de Coxa, um V7 esquisiiito, na minha opinião, mas que ele se encaixou super bem. Quase saiu, faltou somente 1 movimento importante na cadena.

Ao final do dia, mortos de cansados, nos despedimos do povo paulista que ainda estava por lá e confesso que invejamos um pouco o churrasquinho que uns deles faziam do lado da barraca. Sim, muita gente acampa lá nos blocos mesmo. E viva o dia sem banho! Eu não consigo... Caminhamos a trilha toda de volta e encontramos na entrada dos chalés do Camping Tour, onde ficamos, Janine e Paloma Cardoso chegando de carro. Conversamos somente alguns minutos devido ao cansaço e fomos pro chalé cozinhar. Enquanto o Caio me perguntava algumas dicas de como se fazia miojo e tal, eu temperava o 1kg de carne que a gente comeu em 2 minutos. Depois preparamos uma deliciosa feijoada de marinha e atualizamos nossas cadenas no 8a. nu, vulgo "8a peladinho", para os íntimos. Acordei diversas vezes durante à noite, sem conseguir dormir de tanta dor nas mãos. E dá-lhe Climb On nelas!

No dia seguinte acordamos tarde e fomos para os blocos na hora do almoço. Começamos pelo Morceguinho (outro boulder com o mesmo nome. é muita falta de criatividade...), V6 que todo mundo mandou à vista. O Caio abriu um boulder novo, extensão do Morceguinho, o qual ele chamou de "Morcegão", cotado em V7. O Dani mandou este também à vista e eu caí na metade dele, com os braços tijolados para sempre! Depois disso foi só zoação. Entramos num bote no bloco do Cabron, um V4 muito maneiro que todo mundo mandou, menos eu, que bati na última agarra algumas vezes até "acender" a mão e quase chorar de dor. Não sei como o Dani conseguiu ainda entrar no V7 do Bacanas em Coma e se dar bem nesta altura do campeonato. Ele encadenou o crux e caiu nos agarrões do final pois já não tinha mais condições de escalar nada à muito tempo. Mais um projeto...

Nos despedimos da galera e voltamos para o chalé onde comemos e arrumamos nossas coisas para a volta. Saímos de Ubatuba por volta de 21:30 (bem tarde para quem trabalha no dia seguinte) e o Dani dirigiu a noite toda enquanto a gente dormia.
Sem dúvidas foi uma das viagens mais maneiras de todas: não pegamos trânsito, o tempo estava ótimo e a companhia melhor ainda! Voltei pra casa com o abdômen doendo de tanto rir, cansada, com as pernas esfoladas, a pele da mão ardendo e muito, mas muito feliz.